Assim que o IBGE, pelo Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, publicou em 4/3/2022 a notícia de que o PIB crescera 4,6% em 2021 e superara “perdas” causadas pelo período pandêmico, a mídia monopolista financeira e os porta-vozes governamentais festejaram, uns com moderação e outros com júbilo, a ultrapassagem da crise conjuntural que já dura quase oito anos. Ignoram ou escondem que: o termo de comparação é precaríssimo, vez que se localiza no pondo mais baixo da curva; qualquer diagnóstico precisa no mínimo considerar tempos de médio prazo; a recessão técnica difere da estagnação.
Ao totalizar R$ 8,7 trilhões, o “avanço” ficou acima da baixa ocorrida em 2020, que diminuíra 3,9% devido ao novo coronavírus. Todavia, o PIB continua 2,8% abaixo do que ostentava em 2014, no primeiro trimestre, antes, pois, de sua curva mergulhar na concavidade mais longa da história brasileira. Como exemplo, a de 1929, reconhecidamente grave, durou três anos. Vale repetir, pela enésima vez, que ainda se manifestam, na economia interna, os efeitos nocivos – no padrão Kondratieff – da Fase B ou depressiva surgida no meio dos 1970, ao fim da Golden Age, a expansão posterior à II Guerra Mundial.
Portanto, logo a realidade nua e crua do capitalismo em modorra cobrou, com mais uma das suas expectativas revertidas, o preço das ilusões. Conforme o próprio IBGE divulgou em 9/3/2022, a produção industrial – que jogara um papel relevante no desejado “soerguimento” – minguou 2,4% em janeiro, ficando abaixo do patamar estabelecido anteriormente à hecatombe da Covid-19. Assim, na prática, pulverizou-se a elevação registrada em dezembro passado. Mais ainda: tomando-se como referência o idêntico mês do ano anterior, há 12 meses, a queda foi bem maior, chegando a nada menos do que 7,2%.
Agora, os governantes se calaram, mas os dados, fornecidos pela Pesquisa Industrial Mensal, gritam. O setor nomeado como indústria – que desconsidera vários ramos produtivos – está menor 3,5% do que fevereiro de 2020 e 19,8% do que maio de 2011, no auge da recuperação cíclica sucessora do abissal mergulho. Sem puxar tanto pela memória: cotejado com 12 meses atrás, surge o declínio de 7,2%. Para desespero dos crentes no poder integral da política neoclássica tida como “anticíclica”, ficam desvelados a estática da economia e o perfil universal da ruína, que se derramam para diferentes categorias.
O novo fiasco é o preço internacional do petróleo, que pulverizou a bula entreguista e ultraliberal. Cabe à oposição responder com assertividade, reivindicando a recuperação combinada com melhoria nas condições de vida: defender as riquezas nacionais e o patrimônio público, inclusive uma Petrobras de fato estatal; repor as conquistas laborais e populares que foram destruídas; combater o desemprego agudo; implantar uma política de remuneração ao trabalho explorado com aumento real e gatilho anti-inflacionário trimestral, notadamente ao salário-mínimo; atender às necessidades básicas da população.
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