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O balanço das Olimpíadas em 2024, abstraindo-se os aspectos mais profundos e complexos dos esportes – como as suas dimensões técnicas e socio-históricas –, evidencia conclusões mais claras do que a turbidez no Rio Sena. O resultado final, com empate nas medalhas douradas entre os USA e a China, somente se definiu pelas prateadas. Sem menosprezar o desempenho e a preparação nucleares dos protagonistas, com suas equipes multidisciplinares, dignos de admiração e aplauso, a diferença foi não raro decidida pelas oscilações momentâneas de performances individuais ou coletivas – tanto emocionais quanto biofísicas – e dos caprichosos acasos, plenos de nuanças imprevisíveis.

Portanto, a glorificação do rendimento estadunidense pela mídia conservadora é pura fraseologia. O Poder360, por exemplo, anunciou que os “Estados Unidos são o maior vencedor nas Olimpíadas de Paris”, escondendo que os troféus mais valiosos do “grande campeão” – como também o jornal digital chama seu paradigma – vêm decaindo constantemente – 48 em 2012, Londres; 46 em 2016, Rio; e 39 em 2020, Tóquio; e 40 agora, em Paris. Como contraste, a ignorada China subiu de 26 no Brasil para 40 na França, obtendo seu melhor desempenho no exterior. Claro está que tais números, por si, apenas representam um nível do fenômeno, mas bastam para pulverizar o “baba-ovismo”.

Por sua vez, o Antagonista-Crusoé manipula os dados para demonizar o Governo Federal, operando a desqualificada e mecanicista identificação entre política e placar dos certames. Como se não bastasse, aproveita para escrachar o Brasil, no mais puro “complexo de vira-latas”: “impotência olímpica”. Concomitantemente, critica e despreza o programa “Bolsa Atleta”, incomodado com a presença do auxílio federal – mediante o Ministério do Esporte ou patrocínios vários – “em 100% dos pódios em 11 modalidades conquistadas”. Sem dúvida, o fruto é ainda insuficiente. Mas como vilipendiar o pouco em vez de propor o mais, senão visando a instrumentalizar o desempenho e atingir os desafetos?

Trata-se de oposicionismo sistemático. Medalhistas brasileiros elogiaram o suporte público, vez que amparou mais de oito mil beneficiados. Aliás, norte-americanos conscientes recusaram-se a repetir a tolice direitista. Pergunte-se a Biles o que pensa de Rebeca. No basquete, aproxima-se o equilíbrio internacional: basta olhar os placares obtidos pelo Dream Team perante a Sérvia e a França. Noah Lyles, a propósito, primeiro nos 100m rasos, criticou as empáfias de conterrâneos: “Sabe o que me incomoda?”, perguntou. “É o fato de ver na NBA, nos telões das finais,” a expressão “campeões mundiais”. Concluiu: “Não me levem a mal, eu amo os Estados Unidos, mas eles não são o mundo”.

Sem dúvida, o ranking da colocação expressa, mediata ou diretamente, o nível socioeconômico, as peculiaridades culturais, as motivações dos povos e os empenhos institucionais em cada País. Todavia, os processos e determinações ocorrem de maneira multifacetada, intrincada e muito mediada, em nada parecidos com leis de bronze. Logo, as óbvias e nada sutis batalhas pela hegemonia jamais deveriam descambar para sanções politiqueiras, como exclusões a pretexto geopolítico, enquanto belicistas e genocidas se deslumbram com a Tour Eiffel. Ademais, nunca poderiam permitir julgamentos baseados em imperativos categóricos e preconceitos, que só enxergam super-heróis ou perdedores.

Tudo regido pelo pragmatismo e utilitarismo, buscando vencer a qualquer preço. Estranhamente, 70 e 74% das equipes norte-americanas para natação e atletismo, durante os jogos do Rio, estavam tomando “remédios”. No início deste ano, vários estadunidenses positivaram para substâncias proibidas; porém, prevaleceu a vista grossa. Por fim, a Lei Antidoping dos USA pretende aplicar-se ao Planeta inteiro, mas nem sequer regulamenta o futebol e o basquete internos. Demarcando com tais condutas, um artigo de Wang Huyao no China Daily, editado pelo Partido Comunista da China, reafirmou: “Amizade Primeiro, Competição Depois”. Que vergonha para os imperialistas e os bajuladores.

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