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O ex-juiz Moro, em curta entrevista concedida em 17/6/2024, finalmente admitiu a sua fixação exclusiva e primordial no presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no seu partido. Aliás, desde quando a triste figura pontificava na “República de Curitiba”, os sinais da sua tara carreirista já podiam ser bem percebidos, mesmo que semicamuflados, então, pela toga. No ambiente jurídico, a palavra compulsão diz respeito ao despacho em que um tribunal superior impõe ao subordinado a sua observância. Todavia, trocando alhos por bugalhos, a figura hoje senatorial preferiu adotar o significado psiquiátrico, isto é, uma exigência interna que manda o indivíduo reiterar uma conduta, no conteúdo e até na forma.

Eis o padrão, no caso com motivação ideológica. Na breve declaração à mídia, o enfim politiqueiro assumido repetiu por três vezes consecutivas o nome do seu desafeto e da organização a que pertence, opinando sobre quem pretende apoiar em 2026: “alguém que possa derrubar o PT”; “o mais importante é derrotar o PT e o Lula”; “tenho a intenção de impedir que o PT assuma o Paraná”. Portanto, qualquer um. São pequenas frases idênticas, mas que sugerem muito, além da óbvia fixação. Primeiro, a dimensão nacional de sua desafeição, que sem dúvida se dirige conta os comunistas e a esquerda em geral, especificando-se nos citados agente ou instituição por meras contingências conjunturais.

Na sequência, o personalismo, vez que reduz o projeto reacionário à operação de si próprio, denunciado pela flexão verbal como indutor volitivo: “tenho a intenção” [eu]. Ademais, o golpismo, que aparece no recurso ao vocábulo “derrubar”, equivalente a “por abaixo”, logo depois corrigido, astuciosamente, por “impedir” e “derrotar”, mais compatível com a disputa pelo sufrágio. Todavia, o que de fato lhe importa são, contrariamente às questões conexas com interesses populares – aos anseios das maiorias e do País –, o extermínio dos inimigos, adotado como foco apriorístico e único. Diga-se de passagem, as características simbólicas de seu discurso advêm de suas práticas passadas e presentes.

Fica evidente a real catadura de suas opções permanentes, que inclusive se afirmam sobre os ziguezagues de seu elo com a extrema direita e os fascistas, noticiados fartamente pela mídia nas frequentes viragens pragmáticas da sua biruta política. Sob a capa do moralismo exacerbado e do punitivismo “justiceiro” habita, com estabilidade notável, o nó valorativo de uma corda frouxa. Trata-se do rancor inarredável contra quaisquer iniciativas e manifestações que sustentem o regime democrático, progresso social e soberania do Brasil. A sua ira encontra maior exacerbação nos casos de protagonismo popular, chegando à enésima potência em face das entidades, plataformas e lutas proletárias.

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