Por Fatima Afonso—
“Foi assim, quando a flor ao luar se deu, quando o mundo era quase meu, Tu te foste de mim. volta meu bem”
Paulo André Barata se foi no mesmo dia em que nasceu, se eternizando na história, isso é algo simbólico na sua existência, entre o chegar e o partir.
Paulo André Barata era nada mais, nada menos do que filho de Rui Paranatinga Barata, com o qual tinha parceria não apenas como pai e filho, mas também como compositor, poeta e referência na sua trajetória artística.
No mundo da música e da poesia, Paulo André Barata demonstrou sua versatilidade e criatividade. Suas composições eram um espelho de sua mente criativa, capturando a beleza e a complexidade da vida de maneira única. Cada obra era uma história contada por meio de suas letras e poesias.
A música era a alma de Paulo André. Seus acordes e letras eram como uma conversa sincera com o coração e a realidade Amazônica e de quem o ouvia. Cada canção era uma narrativa de experiências de troca entre a natureza e sentimentos profundos, reflexões sobre o mundo que o cercava. Suas letras vão ser eternizadas não somente na sua voz, mas também através da voz de vários artistas que deram e vão continuar dando vidas a sua obra e seu legado, como Fafá de Belém que imortalizou diversas canções da dupla com Rui Barata, como a música “Foi assim”, que recentemente foi regravada por Maria Rita. Outros artistas também se reuniram para gravar um disco, interpretando várias canções de Paulo Andre, entre eles, Dona Onete, Jane DuBoc, Lia Sophia, Monica Salmaso, Zeca Baleiro e Zeca pagodinho
Paulo André foi velado na manhã de 26/09/2023 no Theatro da Paz, onde se apresentou diversas vezes, em respeito à sua memória e sua história artística, foi decretado luto de três dias pelo governo do estado
É de fundamental importância reverenciar também a obra de seu pai Ruy Guilherme Paranatinga Barata, artista popular, de Santarém- PA, um Poeta do Povo, amante da Liberdade, um artista que ao mesmo tempo que foi ligado às sínteses nacionais-populares locais e regionais, preservou e desenvolveu a herança multilateral das singularidades, e dialogou com a universalidade, um exemplo de resistência política e cultural nestes tempos sombrios que vivemos.
O legado de Paulo André Barata permanece vivo. Suas músicas continuarão a ser ouvidas, suas letras admiradas e seu espírito criativo será uma fonte de inspiração para as gerações futuras. Seu impacto no mundo da arte é eterno, e retratava antes de mais nada a cultura como ambiente Socioeducativo e Emancipatório.
* Fatima Afonso é escritora Paraense, Educadora, Assistente social, Coordenadora do Centro cultural Rosa Luxemburgo e membro da ALANIN.