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Esse título se refere aos povos correspondentes às nações latino-americanas. Distingue-os, assim, de segmentos populacionais fragmentados, cujas microidentidades correspondem aos interesses nucleares de grandes potências e de ONGs financiadas por grupos monopolista-financeiros, principalmente por sua fração exógena. Os brasileiros foram, pois, contemplados pelo discurso de Lula durante a Reunião Técnico-Científica da Amazônia – realizada em Letícia, Colômbia, 8/7/2023 –, ao defender que “A floresta tropical não pode ser vista como um santuário ecológico.” Disse, ainda, que “o desenvolvimento sustentável possui três dimensões inseparáveis: a econômica, a social e a ambiental”.

Em novo pronunciamento – 14/8/2023 –, o Primeiro Mandatário sublinhou as opiniões anteriores, como se quisesse ratificar uma política governamental. Pelo menos estaria oferecendo a pista: “Nós não queremos ajuda, queremos pagamento efetivo. É como se estivesse pagando algo que devem à humanidade”. No mesmo diapasão, disse que “os países ricos tiveram sua introdução na revolução industrial, bem antes do Brasil; então, são responsáveis pela poluição muito antes de nós. Eles conseguiram derrubar todas as suas florestas e agora eles têm que contribuir financeiramente para que outros países possam se desenvolver”. Conforme o ditado, “para bom entendedor, meia palavra basta”.

O presidente pronunciou a frase inteira. Decerto, a unidade amazônica é objetivo complexo. Deve ser construída em um processo, de modo a superar nuanças, incompreensões ou equívocos, até atingir uma síntese avançada. Vale dizer: resolvendo as “contradições no seio do povo”, segundo a conhecida expressão de Mao Zedong. Para tanto, é preciso banir as recorrentes ambiguidades no Palácio do Planalto e na Esplanada ministerial. Em definitivo, as diretrizes para o bioma da vasta bacia – mesmo que suscitem atenções planetárias – são prerrogativas exclusivas e autônomas dos governos legítimos instalados na região, inclusive o do extemporâneo e incômodo enclave francês na Guiana.

Pode ser que a prepotência estrangeira se relacione, remotamente, ao espírito colonialista. No entanto, agora, é própria da geopolítica imperialista. Logo, é preciso deixar claro que os acordos e contribuições dos EUA e da UE não constituem ajudas compartilhadas, compensações morais ou algum tipo de esmola compassiva, muito menos fundos arrebatados e mediados por instituições que prestam vassalagens nebulosas, imunes ao controle dos beneficiados. São políticas dos estados locais, que traduzem os seus procedimentos público-soberanos e diplomáticos. A sua vinculação internacional, promovida em pé de igualdade, assentam-se no interior das sociedades civis, nas lutas entre as classes.

Para tanto, é tempo de superar duas faces nocivas. De um lado, a expansividade ultraliberal das fronteiras extrativas e agropecuárias, por capitais marginais ou cidadãos sem alternativa. De outro, a utopia de um museu natural-ecológico a céu aberto, sucessor dos infames zoológicos somáticos com seres humanos. A opção, nessa perspectiva, seria uma resposta muito além do amparo aos vulneráveis: constituir, nas terras da União e nos termos de legislação adequada, uma empresa pública para centralizar empreendimentos relevantes aos interesses nacionais, com investimentos próprios e concessões complementares, rigorosamente sujeitos às necessidades sociais e aos imperativos ambientais.

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