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A deflação de julho em diante surgiu mediante um conluio artificial, manobrado pela campanha bolsonariana. Sua execução aconteceu na esfera da burocracia e da circulação, com a baixa eleitoreira no preço dos combustíveis, que a cúpula falangista ordenou em dumping momentâneo dos apoiadores no cartel distributivo. Trata-se de uma providência ilegal e demagógica, que só engana os incautos. Exceto pelo hiato ao estilo vale-tudo, mantém-se a regra ditada pelos acionistas privados: formatar os preços internos, de gasolina e diesel, não pelo valor-trabalho do proletariado produtivo brasileiro, mas pelo critério hiperliberal e dependente que os submeteu ao mercado internacional dolarizado.

Portanto, está claro que o pleito presidencial opõe dois lados. Na extrema-direita, o chefete miliciano, que desatará o processo inflacionário nos derivados petrolíferos tão logo as urnas forem fechadas e que tentará vender, como já foi dito, a Petrobras para os magnatas monopolista-financeiros a preço de banana. Como expressão da frente ampla das oposições, a candidatura Lula-Alckmin, que salvará da sanha entreguista o principal complexo pesquisador, fabril e comercial de propriedade nacional, sob a gestão e o controle do Estado – a empresa Petróleo Brasileiro SA, digna de orgulho patriótico –, e que precificará seus bens levando em conta sua função basilar no progresso com fim social.

O ardil oportunista, segurando a carestia somente até a hora do voto, é o simulacro instrumental mais baixo e vil da caridade cristã que jura praticar, pois troca, vergonhosamente, a sua tão propalada querência da eternidade celeste por mais quatro anos de Palácio. Nem mesmo age como Pilatus, vez que sequer lava mãos sujas de conspirações antipopulares. Os números, porém, desmascaram o embuste, mostrando que os sinais do impasse permanecem bem vivos. Marx notou, em O Capital, que “A verdadeira ciência da economia política começa quando a investigação teórica se desloca do processo de circulação para o processo da produção”. Como vem comportando-se a fabricação no Brasil?

Conforme o IBGE, o crescimento “industrial” brasileiro – com referência na classificação vigente – caiu 0,6 % de julho até agosto, coincidindo com a remarcação cata-votos. Como que ironicamente, a retração monetária foi, no fundamental, reflexo da menor produção de combustíveis – os alvos precípuos das medidas governamentais –, que no geral foi –4,2%. A ”transformação” teve o pior resultado para o mês desde 2018. O Planalto festeja uma quimera, vez que escolhe comparar o dado recente com a época e o ponto que deseja para objetivos propagandisticos. A realidade, à revelia da intencional dissimulação, é outra. A “indústria”, em 2022, acumula uma queda: –1,3%. Em 12 meses foi pior: –2,7%.

A baixa de agosto neutraliza o +0,6% do mês anterior. O segmento se mantém 1,5% abaixo do nível pré-pandemia em fevereiro, 2020. Para os reacionários desmemoriados: 17,9% aquém do pico registrado em 2011. Aliás, o gráfico do instável desempenho industrial nos derradeiros 12 meses revela uma superlativa erraticidade: –0,5% em outubro/2021; +2,7% em dezembro/2022; –1,8 em janeiro/2022; +0,7 em fevereiro/2022; –0,4 em junho/2022; +0,6 em julho/2022; –0,6 em agosto/2022. Com tal padrão, como eliminar o desemprego e aumentar os salários? Eis o fracasso na resolução dos problemas econômicos, no combate às mazelas sociais e no atendimento às emergências populares.

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