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Conforme as informações, o Departamento de Estado removeu Cuba na lista oficial dos que “não cooperam plenamente” com seus esforços ditos antiterroristas. Na prática, o ato equivale a reconhecer que a nação caribenha vem participando nos assuntos referentes à segurança pública em geral. Em termos concretos, suprime a iniciativa tomada por Trump, justificada com mentiras e conservada pelo atual presidente norte-americano. No dia seguinte, o ministro brasileiro das Relações Exteriores comemorou a decisão. Entretanto, coerentemente com a postura tradicional do Itamarati, condenou a manutenção do país latino-americano no rol dos que incentivariam e apadrinhariam os mesmos eventos.

De Havana, mais comedidamente, Bruno Rodriguez disse que Washington admitiu a verdade já clara para todos. Na sequência, o chanceler reiterou a insuficiência de se reconhecer a “cooperação”, externou gratidão aos congressistas norte-americanos empenhados em retirar Cuba do index que discrimina os “supostos Estados patrocinadores do terrorismo” e denunciou tal política como “forma de manter” uma “punição criminal”. Por fim, sublinhou a “forte e repetida exigência mundial para que o governo dos EUA corrija” uma “injustiça”. O pleito é reforçado pela irracionalidade no discurso estadunidense: como poderia ser possível “cooperar” contra o terrorismo e, concomitantemente, “patrociná-lo”?

Instaurou-se, nas regras, uma incongruência, um contexto sem qualquer saída semântica. Ou bem um dispositivo subordinará o contraditado, ou a mudança deverá expandir-se à outra norma existente, vale dizer, admitir que a Ilha combate sempre o flagelo que a vitima desde a invasão na Baía dos Porcos. Portanto, a medida expõe o contrassenso e a manipulação política da megapotência em apuros geopolíticos. Adicionalmente, Biden se move menos pelos imperativos superiores que precisam reger as relações internacionais, e mais pelo desejo pragmático de unificar o seu partido nas vésperas das eleições, assim como de atrair votos nos setores democráticos e progressistas da população.

A situação coagulou, pouco importando as intenções dos responsáveis, um impasse. A solução – politicamente complexa, mas logicamente simples – foi delineada pelo presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez. “Ao constatar o amplamente conhecido”, isto é, “que Cuba coopera na batalha contra o terrorismo, os EUA deveriam fazer o correto e coerente com essa posição: retirar Cuba da lista arbitrária do Departamento de Estado e por fim às medidas econômicas coercitivas que a seguem”. Cabe aos países latino-americanos, somados aos povos que no mundo inteiro lutam pelos direitos e a soberania das nações, intensificar os movimentos e campanhas contra o bloqueio ilegal e unilateral.

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