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O governador mineiro, que circula na extrema-direita e se mantém alinhado à reação bolsonariana, exemplifica o conluio – nas condições da situação política brasileira – entre as facções ultraliberais do capital monopolista-financeiro e o núcleo fascista que dirige a oposição ferrenha, sem quartel, ao Governo Central. Zema, pela entrevista em O Estado de São Paulo – domingo, 6/8/2023 –, declarou na segunda pessoa do plural, com autossuficiência e belicosidade: “além do protagonismo econômico […], porque representamos 70% da economia” e “56% dos brasileiros”, “nós queremos […] protagonismo político”, que “nunca tivemos”. Julga-se o representante-mor da suposta “união do sul-sudeste”.

Foi pronta, pública e amplamente rebatido, mediante vários vieses político-ideológicos. A instituição de nome Consórcio do Nordeste criticou, veementemente, “qualquer lampejo separatista” e a “leitura preocupante do Brasil”, além de repetir a obviedade que toda pessoa minimamente informada sabe: “o Norte e o Nordeste” foram “sabidamente regiões […] penalizadas ao longo das últimas décadas”, nos “projetos nacionais de desenvolvimento”. Por seu turno, a Presidência do Senado, no mesmo volume, afirmou que nas montanhas mineiras “não cultivamos […] a cultura da exclusão”. Pacheco dedicou, ao Norte e ao Nordeste, seu “apreço” e seu “respeito”, sublinhando que “somos um só povo”.

Em nível do Governo Federal, dois ministros se pronunciaram. O de Minas e Energia manifestou “muita tristeza” e puxou as orelhas do político-empresário: deu “péssimo exemplo para o Brasil”. Silveira o reprovou: “presta um desserviço aos mineiros e às mineiras, porque se isola”. O da Justiça foi mais duro e ao ponto crucial: “É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais”. Flávio Dino ainda escreveu: “precisamos do Brasil unido e forte”; “está na Constituição”, art. 19, a proibição de “criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”. Para concluir, com a sua verve característica e citando palavras de Ulisses Guimarães: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria”.

O incentivo à cisão, jogando setores da população contra outros, em primeiro lugar deve ser denunciado como a expressão da ignorância e da mentira. Quem passou pela educação básica sabe que a política no Brasil, até as três primeiras décadas no século XX, atrelava-se ao pacto burguês-oligárquico chamado “Café com Leite”, firmado na prática entre Minas e São Paulo, que deixava em plano secundário não apenas os interesses nortistas e nordestinos, como também as populações do extremo sul e até a parte fluminense do sudeste. O esquema só ruiu com na Revolução de 1930, incluindo-se a derivada guerra civil de 1932. Como afirmar, com maior “cara de pau”, exatamente o contrário?

A incultura está longe de absolver a inverdade, pois quem desconhece os fatos pode abster-se de agitá-los. Ao repetir o inexistente com fins escusos e pragmáticos, adentra-se o terreno da impostura, mormente quando a invencionice “pós-moderna” encadeia conspirações hostis à Federação e à unidade nacional, sancionando-as pela “global” negação ao Estado, às lutas entre classes, aos partidos, aos projetos coletivos e à razão, tudo em nome do capitalismo e do imperialismo eternos, com sua canhestra naturalização das coisas, em que pontificam o darwinismo social e o metabolismo burguês. A única figura que sobrevive no Partido Novo incorpora muito bem tais valores, condutas e cacoetes.

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