Por Simão Zygband*—
O Ministério da Educação (MEC) em acordo com o Ministério da Defesa começou, esta semana, o processo de extinção do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim). A decisão atinge cerca de 200 escolas no país. Como tudo que acontecia no (des)governo anterior, no modelo que será descontinuado, estava embutida uma mamata para beneficiar militares. O ex-presidente derrotado, Jair Bolsonaro, dentro de sua sanha golpista (felizmente fracassada) tratou os milicos a pão de ló e lhes proporcionou regalias. Contratá-los como gestores, para impor “disciplina” nas escolas, ganhando polpudos extras, além da aposentadoria, era só uma delas.
Mas não é que os governadores bolsonaristas, Tarcísio de Freitas (São Paulo), Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Ratinho Junior (Paraná), Jorginho Mello (Santa Catarina), Ibaneis Rocha (Distrito Federal) decidiram manter a mamata e descumprir a orientação do MEC, mantendo estabelecimentos escolares onde é proibidos que meninos usem cabelos compridos (devem ser raspados com máquina 2), bonés e que as meninas trajem mini-saias. Os jovens também não podem ter tatuagens ou piercings. Quem impõem esta disciplina? Os militares, pagos regiamente com dinheiro público.. Mas, evidentemente, agora os governadores que mantiverem as escolas cívico-militares deverão utilizar recursos próprios (também nossos, é verdade), já que as torneiras federais foram fechadas.
Reportagem do jornal O Estado de São Paulo mostra
Que barbaridade!, questiona o deputado federal Bon Gass (PT/RS). “Militares da reserva que atuavam nas escolas cívico-militares como auxiliares de gestão e assessoria, sem dar aulas, recebiam um adicional cujo valor chegava até a R$ 9.152,00. No Brasil, média salarial de professores vai de R$ 2.500,00 a R$ 5.000,00”.
“Colégios cívico-militares, um cabidão de emprego para militares da reserva criado pelo Coiso, não são Colégios Militares, que seguem como sempre foram”, relata o jornalista Reinaldo Azevedo. A Extrema-direita tenta inventar pauta a todo custo”.
“Para ser bedel, um sargento da reserva, só de bônus, ganha R$ 5.000, que é superior ao salário médio da maioria dos professores da rede pública estadual”, comenta um professor no tweeter.
Resta agora o governo Lula achar meios de explicar isso para a grosso na população, que sempre acha bonito homens que vestem fardas e utilizam coturnos.
*Publicado originalmente em Construir Resistência.
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