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O Copom, em ata publicada em 27/6/2023, sob a contestação da sociedade civil e da sociedade política inconformadas com a manutenção da Selic nos estratosféricos 13,75%, apresentou seus motivos, que são a repetição da bula neoclássica. O manual poderia também ser nomeado como burla, pois não passa de algumas regras baseadas no subjetivismo do enfoque idealista sobre a origem da inflação e nos interesses hegemônicos da “globalização” em crise. Bolsonaro, quando promulgou a lei que instituiu a insubordinação do Banco Central, quis suprimir qualquer óbice à especulação dos conglomerados, inclusive industriais. Mas não percebeu que a tramoia provocaria um contencioso entre instituições do próprio Estado hegemonizado pelo capital monopolista-financeiro.

Sob as críticas do Governo Central e de seus apoiadores no Congresso, que precisam responder a compromissos de campanha, e de parlamentares dirigidos pelo pragmatismo, que pedem algumas explicações passíveis de satisfazer a eleitores impacientes, o texto assevera que suas diretrizes são exitosas. Ato contínuo sugere que a política vigente pode permanecer, pois faltariam indícios da iminente queda na espiral inflacionária. Trata-se, pois, de um absurdo. Primeiro, porque autoelogios não valem como argumentos. Ademais, porque aplica uma técnica simplista que associa, em relação diretamente proporcional e rigidez natural, dois processos fenomênicos, reflexos nos patamares da circulação e da política: a desvalorização monetária e a elevação na taxa referencial de juros.

O documento procura convencer o povo de que a inflação é um sortilégio sem nexo com a esfera das relações produtivas e de que basta evocar uma regra superestrutural para contê-la. Todavia, reconhece, com a superficialidade habitual, o grave quadro mundial – “O ambiente externo se mantém adverso” –, embora sem mencionar que o capitalismo está em crise. Também vê que, “no âmbito doméstico”, há melhorias nos “indicadores recentes”, porém, adversa que “os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária […] mantêm-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta.” O “deslocamento” é, pois, a única informação que importaria e geraria os “riscos”, entre os quais um pequeno recuo na “desinflação” e nas “expectativas de inflação futura.”

Para os redatores, tudo se resume à “serenidade e paciência para garantir a convergência da inflação” rumo às “metas”, isto é, à “parcimônia e cautela na condução da política monetária.” Mesmo com as nuances acerca da “sinalização” quanto “aos próximos passos”, a decisão ignora que o processo inflacionário é determinado pela tensão altista efetivada pelos preços de monopólio, que a taxa de juros interfere no desenvolvimento nacional, que o interesse das maiorias precisa ter prioridade sobre o Banco Central e que a instituição particular de controle monetário não deve sobrepor-se à política econômica de conjunto. Está na hora de organizar o movimento nacional para restabelecer uma prerrogativa-chave do Governo Federal, em desfavor dos que tentam preservar os privilégios.

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