Há seis décadas, o regime democrático foi aniquilado pelo golpe militar. O povo brasileiro ficou submetido a uma situação de obscurantismo e terrorismo estatal. Somente 24 anos após, com sacrifícios imensuráveis e lutas memoráveis, uma larga coalizão, amparada por jornadas vigorosas de massas, conseguiu restabelecer as liberdades políticas, sindicais e civis, hoje cristalizadas na Constituição de 1988.

Inobstante, os reacionários ressurgiram em forma protofascista, ocupando as salas do Planalto e ameaçando conquistas históricas. Felizmente, uma frente ampla, reunida em torno da chapa Lula-Alckmin, conseguiu barrar em 2022 a retrocessão. Na sequência, uma conjunção de maiorias, mesmo que informal e inorgânica, vem governando a Nação e combatendo a sistemática oposição dos hiperconservadores.

Mantendo-se agrupados e ativos, agora com doutrina consolidada e articulação internacional, os fascistas iniciam uma contraofensiva. Pelas campanhas eleitorais, buscam fortalecer-se nas prefeituras e câmaras municipais. O momento exige ações decididas. Em cada local, o esforço deve concentrar-se no isolamento ao bolsonarismo, na vitória sobre seus acumpliciados e na eleição de pessoas democráticas.

Como em outros períodos da história, incluindo-se casos recentes no mundo e no Brasil, a frente ampla é o instrumento mais produtivo – portanto, radical – para vencer as hordas falangistas. Merecem apoio forças e partidos que vêm abrindo-se à composição e construindo entendimentos abrangentes, como em Contagem e Juiz de Fora. Tal exemplo precisa estender-se, com destaque aos grandes centros urbanos.

Nessa perspectiva, é inaceitável que, após 32 anos de administrações com inclinações progressistas, bem avaliadas e aceitas pela população – como a vigente –, Belo Horizonte corra o risco de viver, encerrado o primeiro, em um segundo turno sem qualquer opção democrática. Seria uma inconsequência admitir a concretização de semelhante possibilidade: a de um bolsonarista no governo da capital mineira.

Tratar-se-ia de um desastre que poria em xeque o futuro dos cidadãos e da população, com graves desdobramentos e repercussões, no Estado e no País. A resposta para tal situação é apenas uma: frente ampla. O ponto de partida está na iniciativa e união dos setores que sustentam o governo federal. Não há mais espaço, nem tempo, para subterfúgios, tergiversações, particularismos e quaisquer sectarismos.

Urge abandonar posturas estreitas e demarcatórias. Chegou a hora de um acordo entre partidos, forças, dirigentes políticos e personalidades que rejeitem a extrema direita. Cabe-lhes um gesto para enfrentá-la e, de novo, derrotá-la. Basta-lhes garantir a coesão em torno de uma candidatura, encontro constituído sobre uma plataforma enxuta, com pontos e compromissos elementares para o destino da Cidade.

Belo Horizonte, 21 de julho de 2022,

Comitê Estadual do PRC/MG – Partido da Refundação Comunista

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