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Realizaram-se, nas capitais e outras cidades Brasil afora, eventos referentes ao 1º de Maio, dia internacional das lutas multilaterais dos trabalhadores, por seus interesses, reclamos e anseios. Ressaltem-se as suas dimensões mais relevantes, que apontam, embora hoje moderadamente, para o desenvolvimento superior do movimento sindical. Primeiro, a simples oportunidade para retomar – mesmo com fragilidades – as suas mobilizações tradicionais e fundamentais, que nas últimas décadas vinham experimentando enormes obstáculos e um descenso persistente, por causalidades objetivas e subjetivas.

Ademais, a mera lembrança de uma data marcante para o mundo laboral, questão que tangencia o rol dos princípios, é uma iniciativa de resistência ou mesmo, em situações mais favoráveis, de ofensiva política, portanto, permanente, necessária e de cunho prioritário, nem que seja – em conjunturas extremas – uma simples nota ou reunião. Ressalte-se, ainda, o esforço de união entre centrais, em período marcado por disputas sectárias no mundo laboral fragmentado, que mais parecem o velório da unicidade provisoriamente suspenso pela unidade, como no estacionamento adjacente ao estádio corintiano.

Quanto ao conteúdo propriamente político, evidenciou-se a presença do Primeiro Mandatário, conseguindo afinal valorizar o ato, vez que os múltiplos enfoques particularistas foram submersos na centralidade concreta oferecida nas palavras do convidado-mor. Ainda que a principal medida econômico-social do governo vigente – aumento real do salário mínimo – tenha ficado apenas subentendida, ecoou amplamente a lei que poupa de pagar IR pessoas com rendimento até R$2.824,00 mensais, antes válida na condição de Medida Provisória, porém, agora sancionada em favor dos proletários mais pauperizados.

Todavia, é preciso refletir seriamente sobre o esvaziamento visível da manifestação, como, aliás, ficou patente nas inconfidências de Lula. Que pálido contraste se cotejada com as concentrações nos mais diferentes países ou realidades, sempre com a participação de grandes massas. Em Manila, Filipinas, multidões protestaram por melhor remuneração. Em Istambul, Turquia, só 42 mil soldados puderam conter os cidadãos que adentravam na Praça Taksin. Na Coreia do Sul, Indonésia e Taiwan, sem falar da velha Europa ou das nações africanas e americanas, vastos contingentes populares marcharam.

O contraste mais eloquente, porém, veio dos vizinhos argentinos. Ainda que afetado pela eleição do anarco-fascista e minimizado pela mídia monopolista-financeira, o pronunciamento nas ruas de Buenos Aires, além de outras localidades, recebeu com entusiasmo a decisão divulgada pela unitária CGT, convocando para o dia nove a greve geral contra o pacote ultraliberal de Milei e a supressão de conquistas históricas. Em tal clima, o Senado votará. Os conservadores brasileiros, em suas páginas e sites, compreenderam o significado maior da contenda e, assim, escondem ou detratam o exemplo dos hermanos.

Algo vai mal, no sindicalismo brasileiro. Obviamente, as dificuldades são complexas e inexistem fórmulas mágicas ou “modelos” perfeitos. Claro está que há motivos de ordem material, como também a sabotagem do patronato e seus representantes. Mas seria uma inconsequência esperar que a realidade mude por si ou que a burguesia resolva o problema dos antagonistas. Somente a revolucionarização nas concepções poderá cumprir a tarefa de suprimir os entraves residentes no senso comum dos setores com maior influência. Cabe aos pioneiros sociais apresentar os principais eixos de sua interferência.

Primeiro, a unidade política em ações, que além de se aprofundar necessita impregnar o patamar orgânico, tornando-se unicidade integral e abarcando as centrais. Concomitantemente, as entidades, sobretudo as de base, devem construir relações plenas com as suas categorias, renunciando ao círculo exclusivo dos filiados. Ademais, é imperativo que os sindicatos, que nunca podem ser politicamente neutros, requeiram seu estatuto ideológica e doutrinariamente autônomo em face dos partidos e governos. Por fim, urge que as representações do trabalho tenham uma plataforma e um plano comuns.

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