Por Juca Ferreira—

Tenho acompanhado essa crise na Petrobras como cidadão brasileiro consciente da importância da empresa e gostaria de chamar a atenção para alguns aspectos. A imprensa em geral tem posto lenha na fogueira e através de especulações querem desgastar o governo e desestabilizar a direção da empresa. Me parece que será sempre assim. A Petrobras é icônica.

Para nós, fruto de uma luta importante que mobilizou o país na época da sua criação e que, a maioria do povo brasileiro quer mantê-la pública, a serviço do desenvolvimento do país. Para os neoliberais e para a direita, um símbolo da política de privatização. Um trunfo. Não abrem mão dessa ideia. Não haverá paz para a Petrobras e nós temos que estar preparados para esse enfrentamento. Ele é central para o desenvolvimento do país.

Estão tentando derrubar o presidente da empresa, e se arrepiaram quando saiu o nome de Aloísio Mercadante para possível substituto, se forem bem sucedidos na intenção de inviabilizar a atual direção. Mercadante está se saindo muito bem no BNDES e tem tudo para se sair muito bem também se for dirigir a Petrobras. Mas o mercado reagiu mal.

O que querem? Acho que essa pressão sobre Jean Paul Prates é exagerada e muito se deve por quererem a Petrobras totalmente privatizada, a serviço dos acionistas minoritários, como se a Petrobras fosse uma empresa privada como outra empresa qualquer. E querem desgastar o governo. Sabem que Lula quer a Petrobras forte para apoiar o desenvolvimento do país.

Tem uma questão central que está presente na crise atual e estará nas próximas, mas pouco se fala.
O desenho que herdamos da meia privatização realizada por FHC (queria privatizar totalmente, mas a grande maioria do povo brasileiro se opôs) cria uma enorme e permanente tensão para a empresa: agir como empresa pública e participar solidariamente do esforço de desenvolvimento do país?, ou se movimentar apenas para gerar lucro para os acionistas privados de NY, como se fosse uma Esso qualquer? Ser ou não ser, eis a questão! É difícil servir a dois senhores…

Qualquer um que sentar naquela cadeira viverá esse drama do atual modelo empresarial da Petrobras. Uns, optarão por servir aos acionistas privados. Outros, procurarão agir guiados pela responsabilidade com o país, gerada pela história da empresa, além do que, ninguém pode ignorar, o Brasil é o acionista majoritário. Estamos neste momento tentando o caminho que os orientais dizem ser o melhor caminho: o caminho do meio. Mas vão continuar balançando a árvore. Os que não se importam com o país, com o nosso desenvolvimento e não estão nem aí para nossa soberania, não vão descansar enquanto não entregarem a Petrobras e nossas reservas energéticas para o capital estrangeiro. Simples assim.

*Juca Ferreira – Assessor da Presidência do BNDES.


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