Por Hora do Povo—
Cerca de 200 representantes de Confederações e Federações do Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST) se reuniram com o ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Marinho, no último dia 30, e manifestaram apoio ao sistema confederativo da organização sindical.
No encontro, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC), em Brasília, as entidades presentes defenderam maior participação das confederações nas discussões sobre eventual reforma sindical, proposta pelas centrais sindicais ao governo.
“É muito importante a nossa unidade nesse momento. A extinção das federações e confederações está clara na proposta de reforma sindical que por aí circula. Por isso, precisamos nos unir e o FST tem confederações de peso para dialogar com o governo”, afirmou o presidente da CNTC, deputado Luiz Carlos Motta.
“O momento é de reconstrução. E nós queremos participar para representar as confederações. Queremos construir um caminho de diálogo com a convergência de ideias. E o sistema confederativo precisa ter a sua autonomia respeitada. Temos que lutar pela adição e não pela divisão. O movimento sindical precisa se unir”, completou Motta.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), Artur Bueno, um dos representantes do FST no encontro, ressaltou que “as conquistas dos trabalhadores são fruto do sistema sindical vigente, do sistema confederativo”. “E hoje, com esse governo democrático, é oportuno se falar em reestruturação para reconquistar o que perdemos nos últimos 6 anos. Mas da forma como está sendo conduzida essa reforma, por algumas centrais, enfraquece o movimento tirando a pirâmide sindical, que é o que temos de mais sagrado”.
“O nosso sistema é um dos melhores do mundo, reconhecido internacionalmente. Por que não trazer as confederações para essa discussão? Exemplo claro, é que só a participação das centrais no Grupo de Trabalho Interministerial, para elaboração de proposta de reestruturação das relações de trabalho e valorização da negociação coletiva, não vai funcionar. Porque tem assuntos ligados às categorias, que só as confederações dominam efetivamente. Por isso, é necessário buscar um entendimento dentro de todo movimento”, enfatizou Artur.
Antonio Carlos Fernandes Jr., presidente da Confederação Nacional das Carreiras e Atividades Típicas de Estado (Conacate), também falou em nome do FST e das confederações do serviço público, reforçando “o pedido para que o Fórum, o sistema confederativo, tenha assentos nas mesas de discussão. Sabemos que a unidade dos trabalhadores é fundamental para que se progrida qualquer legislação que trate do setor trabalhista no Congresso Nacional”.
DESVIO DE PRIORIDADE
No último dia 23 de maio, as centrais sindicais entregaram ao governo e a empresários propostas de alterações no modelo de estruturação sindical. A proposta foi entregue durante a primeira reunião do Grupo de Trabalho Tripartite sobre Relações Trabalhistas, instituído pelo presidente Lula.
No debate proposto pelas centrais, saem de foco os ataques aos direitos trabalhistas solapados pela “reforma” de Michel Temer, de 2017, e por Bolsonaro, deixando em segundo plano o movimento contra medidas como o trabalho intermitente, a terceirização das atividades-fim, a permissão para gestantes trabalharem em ambiente insalubre, a possibilidade de jornada de doze horas e almoço de meia hora.
Contra o trabalhador, ficam ainda o desmonte do financiamento das entidades sindicais, com o fim da contribuição sindical, e também o da Justiça do Trabalho, ao se exigir que o trabalhador deve arcar com as custas do processo, em caso de perda, fazendo com que a busca por seus direitos caísse drasticamente nos fóruns trabalhistas.
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