https://veredapopular.org/wp-content/uploads/2023/03/WhatsApp-Audio-2023-03-10-at-11.06.58.ogg?_=1

Na semana passada, respondendo a parlamentares do Partido Republicano que aventaram uma intervenção do exército estadunidense no México, com a desculpa de combater os narcotráfico, Andrés Manuel Lópes Obrador assegurou: “Não vamos permitir que nenhum governo estrangeiro e muito menos que suas Forças Armadas intervenham em nosso território”. Antes, no dia 18/2/2023, no Município de Bacadéhuachi, Sonora, o presidente assinara um decreto para nacionalizar completamente a mineração do lítio. Conforme suas palavras, tal medida garante que o elemento “não seja explorado por estrangeiros”. Ato contínuo, dissera: “o petróleo e o lítio são da Nação, do povo mexicano”.

Trata-se de um exemplo valioso e oportuno para o Brasil. Como se sabe, países como México, Bolívia e Argentina concentram grandes reservas do mineral. Somente o Brasil tem aproximadamente 8% das reservas mundiais. Considerando a sua importância estratégica para o desenvolvimento e a segurança, bem como a estimativa de que a sua busca pelo mercado mundial crescerá geometricamente nos próximos 20 anos – mormente pelo fabrico das baterias veiculares –, o movimento popular e alguns governos inclinam-se à formação de uma frente latino-americana para extrair, beneficiar, comercializar e utilizar, planejada e soberanamente, a matéria já referida pela alcunha de ouro branco.

O lítio é largamente aplicado em ramos industriais fundamentais, como reagente ou catalisador na confecção de polímeros. Tendo baixa densidade, além de capacidade para conduzir e armazenar energia, é utilizado em baterias não apenas de carro, mas também de celular, marca-passo e computador. Serve, ainda, para têmpera de vidro e cerâmica, bem como para ligas essenciais às indústrias militares, automotivas e aeroespaciais. Por fim, o metal, em pequenas doses, apresenta resultados promissores para tratamentos endócrinos, como nos descontroles das funções tireoidianas, enquanto seus íons ganham espaço na condição de medicamento para tratar o transtorno bipolar e outras psicopatias.

Os conglomerados monopolista-financeiros, especialmente os ancorados em países imperialistas, estão de olho nas reservas brasileiras e operam sem qualquer tipo de controle, sob a proteção de lobbies ultraliberais ou entreguistas. No entanto, a importância do lítio e as tecnologias disponíveis no território nacional para processá-lo representam uma vantagem competitiva irrenunciável. Ambos podem vir a ser, mais que um estímulo, uma possante alavanca para o crescimento econômico. Submetidos à direção estatal brasileira, concorrerão para revitalizar o setor mineral, captar investimento e preparar resultado futuro. Aqui não se alude a “modelos” abstratos, mas sim à urgente nacionalização.

Esclarecendo: enquanto é tempo. Caberá, com amplo debate, à lei e ao Governo Federal disciplinar o funcionamento mais propício à propriedade jurídica estatal, inclusive o eventual papel das empresas privadas no processo produtivo, pois será necessário elaborar os mecanismos de gestão adequados à realidade interna da economia e às contradições no cenário geopolítico mundial. Eis porque – sem ilusão e com a consciência plena sobre o conteúdo social que hegemoniza o poder político e seu capital no País – é preciso que a formulação tática dialogue com a ideologia sensível do povo brasileiro, para quem a coisa “pública” é dos cidadãos. Assim, fez-se a hora de asseverar que o “O Lítio é Nosso!”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *