Por Fátima Afonso*—

Moramos na quarta cidade da Amazônia e segundo lugar no Estado do Pará em população. Um território cheio de especificidades, entre elas, quilombolas, comunidades ribeirinhas, comunidades periféricas, muitas ocupações, entre outros, portanto, somos ricos em cultura. Temos uma identidade cheia de nuances e, desta maneira, o centro Cultural Rosa Luxemburgo participa de diversas ações culturais, como os Saraus em Praças, Escolas e Instituições, apresentando textos autorais, assim como músicas de nosso cancioneiro popular, estando também abertos para os mais variados segmentos como Leitura, Música, Cinema, Fotografia, Hip Hop, Dança, Teatro, Literatura e Artes Visuais.

Somos um Centro Cultural que milita pelas políticas públicas culturais no Brasil, colocamo-nos à disposição para instrumentalizar esse espaço a serviço dos interesses dos que não têm vez nem voz, seguindo a mesma estrada que caminhamos há décadas. Consideramos que a Arte tem papel fundamental na luta pela emancipação humana, motivo que nos levou a criar este Centro, defendendo a ruptura com os segmentos que apenas visam lucro e manter uma cultura de massa, a serviço da alienação e contra a liberdade e a vida. 

Entendemos que precisamos lutar por uma nova política cultural para o Brasil, que tenha como prioridade:

  • Preservar o patrimônio histórico, artístico e cultural do povo brasileiro;
  • Tornar a cultura um dos componentes básicos para a qualidade de vida da população;
  • Democratizar a gestão cultural;
  • Integrar a cultura ao desenvolvimento local;
  • Dinamizar as atividades culturais nos municípios brasileiros;
  • Garantir a sobrevivência das tradições culturais locais;
  • Descentralizar a produção cultural;
  • Ampliar o grau de participação social nos projetos culturais;
  • Incentivar e apoiar a instalação e manutenção de teatros, salas de cinema, centros culturais, museus, casas de memória, academias ligadas à área de cultura, espaços que comprovem atuação cultural, bens tombados, casas de leitura e escrita, bibliotecas comunitárias, “sebos”, acervos, escolas de arte, locais de interesse turístico, galerias de arte, pontos de exposição e comercialização de artesanato, praças e outros que identifiquem afinidade com a cultura.

Lutar pelo protagonismo popular na cultura na luta por:

  • Incentivo às artes, à filosofia, à ciência e ao esporte com políticas traduzidas no âmbito do sistema público de ensino, da mídia estatal e de projetos governamentais específicos, que reflitam a identidade macapaense, amapaense e a diversidade brasileira;
  • Oferta pública e gratuita de condições para o desfrute criativo do tempo livre, em benefício do desenvolvimento humano físico, espiritual, moral e cultural;
  • Programa nacional de reprodução e preservação, em alto nível de qualidade técnica e estética, das principais obras da literatura, da música e do cinema brasileiros, franqueando-as em instituições públicas e a preços acessíveis;
  • Incentivo às atividades artístico-culturais – eventos, debates, produtos e tendências – ligadas às sínteses nacionais-populares locais e regionais, que preservam e desenvolvem a herança multilateral das singularidades, e às vanguardas estéticas, que dialogam com a universalidade;
  • Linhas de crédito subsidiadas para projetos populares de novas rádios, TVs, revistas e jornais de grande circulação;
  • Gestão integrada dos programas e ações na área cultural, em articulação transversal com as políticas para a educação, o meio ambiente, o esporte, o turismo e o lazer;
  • Promoção, em perspectiva universalizante, do intercâmbio com as singularidades culturais de outros povos – especialmente da América Latina –, com as criações artísticas das vanguardas estéticas em escala mundial e com os avanços nas várias áreas do conhecimento.

*Fundadora do centro Cultural Rosa Luxemburgo em Ananindeua, Pará.

 

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