No dia 18 – a terceira quinta-feira de agosto – quatro entidades representativas de juízes dirigiram-se ao STF pedindo que junte às investigações, concernentes ao inquérito sobre as “milícias digitais”, os nomes dos burgueses responsáveis por ameaçar pessoas e articular um golpe falangista-militar se o ex-presidente Lula for eleito. Solicitaram, também, que se apreendam os smartphones, quebrem os sigilos, tomem os depoimentos e verifiquem os possíveis financiamentos para o dia sete. Foi, literalmente, uma balbúrdia.
O Ministro Moraes determinou – terça-feira, 23 – a feitura de uma busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Os atingidos são proprietários majoritários das empresas Coco Bambu, WS Engenharia, Multiplan, Barra World, Havan, Sierra, Mormail e Tecnisa. Os suspeitos, entre atônitos na sua ilusão de imunidade censitária e revoltados por serem tratados “como bandidos”, fizeram juras de inocência e amor à “democracia” que, não totalmente sem motivos, julgam ser a “sua”.
Desde os anos 1930 o movimento comunista – como agora o portal Vereda Popular – vem asseverando que o fascismo, se pode nascer no ambiente volúvel da pequena burguesia e do lumpesinato, apenas se firma na sociedade política e funda o seu regime próprio caso receba não apenas o aval ideológico-moral, mas também a sustentação material da fração mais reacionária do capital monopolista-financeiro, que ao fim e ao cabo controla o seu projeto, apodera-se do seu “espírito” e confere a sua potência hegemônica.
Tais aventureiros de Whatsapp, que olhados superficialmente mais parecem um bando amador fazendo inconfidências de alcova, dispuseram-se a regar com as suas fortunas os cofres da campanha bolsonarista e das eventuais adjacências ilegais, como demonstram os trechos na imprensa denunciados. A simples intenção manifestada configura um crime. Caracteristicamente, a tentativa de interromper pela violência o processo eleitoral e as suas consequências constitucionais, como a posse dos escolhidos pelos votantes.
Para decepção dos positivistas honestos, que acreditam na legislação e nos procedimentos como coisas neutras, imunes aos sujeitos e aos interesses, as instituições do Estado iniciaram uma guerra entre si. Logo depois da ordem formulada pela Corte Maior, a PF agiu como de praxe, acatando a ordem. Ato contínuo a Procuradoria-Geral da República, porém, assumiu-se como defensora dos arrolados e alegou carência de informações tempestivas sobre o acontecido. Mas o Ministro Moraes o desmentiu, publicamente.
As óbvias relações de Aras com o falangista no Planalto, a sua nem tão conhecida conversa com certo amigo pertencente à parte observada pela Justiça e a sua estranha reunião com militares – o Ministro da Defesa e os três comandantes –, por enquanto sem valor probatório, evidenciam que há uma conspiração para deter as providências. Os democratas e progressistas devem acompanhar os trabalhos do STF, visando a melhor combater o autogolpismo, garantir a posse dos eleitos e defender o regime democrático.