Em um período político das lutas entre as classes – inclusive suas frações, internamente às nações ou mundialmente –, marcado por graves contradições no capitalismo atual e pela decadência da velha ordem unipolar imposta pela superpotência estadunidense, com aliados, mas sem um continuum de situações revolucionárias que possam descortinar rupturas de caráter radical em curto prazo, destaca-se a importância de um fato, comunicado por Dilma Rousseff. A presidente atual no NDB – Novo Banco de Desenvolvimento – informou na terça-feira, dia 13, que o Brics já representa, relativamente ao PIB global, 31,5%. Portanto, superou a soma que os países do G7 alcançaram, de 30,8%.

Lembre-se que a propagandística sigla dos sete grandes, além de articular os interesses dominantes, pretende imprimir glamour às principais economias da produção e circulação mercantil no campo imperialista. Fica, pois, neutralizado, como questão secundária, o alarido mileista sobre a defecção argentina, que se aninhou exatamente no bloco dos ingleses com seus pares, que defenderam o esforço de guerra britânico em 1982 no Atlântico-Sul e sustentaram o domínio colonial sobrevivente nas 200 ilhas Falkland. Que autoridade pode reivindicar o anarco-burguês acampado na Casa Rosada, sobre o tema das Malvinas, quando escolhe as migalhas deixadas pelos agressores do povo portenho?

Ah…, o dólar, na campanha eleitoral extremo-direitista jurado aos hermanos, pela demagogia da paridade ou servil adoção… Tal moeda, se tomada como parâmetro pela “taxa de mercado”, ainda manteria no cume do PIB os poderosos em declínio. No entanto, a eficácia de aquisição deve prevalecer, como esclareceu a ex-mandatária brasileira no World Government Summit, realizado em Dubai, Emirados Árabes, ao adotar como referência o PPP – Paridade de Poder de Compra. Para os contaminados pelo “Complexo de Vira-latas”, é a sigla para Purchasing Power Parity, já utilizada pela OCDE, que detalha o seu funcionamento, e pelo FMI, que a reconhece ao nomear os cálculos correspondentes.

Conforme a projeção do célebre fundo financeiro – insuspeito por sua linha de formular e ditar políticas hostis a nações dependentes que adotam caminhos próprios –, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul totalizarão entre os 35 e 40% do Produto Interno Bruto planetário, pelo critério de analogia por capacidade comercial, estimativa que seria maior ainda caso a expansão em curso fosse considerada. Segundo a mesma fonte, o pool antagonista retroagiria para 27,8%. Como disse Dilma em seu discurso, tais “números ilustram muito bem a nova tendência”, “mesmo com as dificuldades vinculadas à ordem financeira internacional e ao grande endividamento nos países em desenvolvimento”.

As notícias sugerem conclusões. A competição econômica no seio das relações mercantis do capitalismo contemporâneo, ainda que impermeáveis à emancipação da humanidade, até agora favorecem a multipolaridade geopolítica e a sobrevivência ou avanços de sociedades socialistas. Os entendimentos extranacionais do Governo Federal, mesmo que sejam heterogêneos ideologicamente, móveis quanto aos assuntos e sem a forma de blocos estáveis, beneficiam os interesses nacionais. Por fim, a intensificação dos contatos externos entre os partidos comunistas e operários é fundamental, seja para promover os rumos estratégicos partilhados, seja para fortalecer iniciativas na conjuntura.

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