O aumento no PIB em 2021, de 4,6%, noticiado pelo IBGE mediante o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, mostrou-se pífio, vez que o termo de comparação adotado pelos iludidos foi o fundo recessivo. Na verdade o montante absoluto das riquezas criadas no País continua 2,8% abaixo do assinalado em 2014. O impasse se reafirmou em 9/3/2022, quando veio a público a produção “industrial” negativa de janeiro – 2,4% –, aniquilando a elevação registrada em dezembro passado e aumentando para 7,2% o mergulho anual. Como se não bastasse, a Pesquisa Industrial Mensal demostrou que a “indústria” está menor 3,5% se cotejada com fevereiro de 2020 e 19,8% perante maio de 2011.

Agora, novas evidências surgem. O Banco Central, órgão dominado hoje pela corrente ultraliberal e insuspeito no quesito pessimismo, informou em 17/3/2022, quinta-feira, que o seu Índice de Atividade Econômica no Brasil, considerado pelo capital monopolista-financeiro e pelo Palácio do Planalto como a prévia do PIB, acusou declínio de 0,99% em janeiro se conferido com dezembro de 2021 – corrigido por ajustes sazonais –, representando a maior retração nos 10 meses anteriores, bem como a estagnação no ponto mais baixo da concavidade: 0,01% em um ano. Assim, o chamado IBC-BR atingiu apenas 138,48 pontos, marcando passo durante muitos meses: foi 138,18 em dezembro de 2020.

Abriu-se, pois, a temporada nacional das especulações, com detalhes de realidade. Para o Ministério da Economia, o crescimento em 2022, que resolvera estimar em 2,1%, teve que ser revisado para baixo, encolhendo para 1,5%, conforme o seu Boletim Macrofiscal. Sua esperança baseia-se nas performances da poupança, dos serviços, do mercado laboral e dos investimentos, embora temendo a quebra das cadeias globais pelo conflito na Europa e pela incerteza pandêmica. Por sua vez, o “mercado financeiro” – nome genérico pelo qual os segmentos hegemônicos do capital se referem às Bolsas e às instituições relacionadas – sugere algo em torno de 0,49%, muito inferior aos 4,6% em 2021.

O fato escondido no âmago das narrativas oficiais é a crise do capitalismo, seja internacionalmente, seja no terreno pátrio, pois os ideólogos burgueses recusam-se a vincular os efeitos empíricos à lógica metabólica imanente à formação econômico-social em vigor. Silencia-se o Banco Central sobre a pressão exercida pelos preços monopólicos, mas reconhece a tendência inflacionária quando usa ferramentas para definir a taxa básica de juros, à maneira neoclássica. Portanto, procura conter o crescimento econômico para diminuir a tensão inflacionária, que chegou a 11,75%, a maior desde 2007, com propensão a subir mais ainda. O ano rescende a estagflação, prognóstico ruim para eleições.

O colapso da política situacionista para os combustíveis evidencia o fracasso palaciano. A dolarização dos preços é compatível com os apetites acionistas, mas contradiz os interesses, os anseios e a realidade nacionais. Prisioneiro da bula ultraconservadora, o candidato falangista só pode fazer demagogia. O arranjo “temporário” – conforme Guedes, “compartilhar esses custos” entre a redução de impostos e os consumidores – protege o lucro no ramo petrolífero em benefício dos investidores privados. Se a propriedade mista e a política servil geram preços absurdos, que a Petrobras seja totalmente privatizada, eis o achincalhe bolsonarista. Significa dizer: a cura do câncer local é a metástase.

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