O Brasil está na véspera do mais importante pleito presidencial em sua história. Tal frase não é uma expressão forçada, para transmitir a importância de algo, nem mesmo uma leve alocução em tonalidade superlativa, desculpável no calor do embate. Significa, justamente, o diagnóstico de que o País se depara, hoje, com a encruzilhada mais drástica desde o início da República Velha. Pela primeira vez, a eleição decidirá nada menos do que o regime político: se permanecerá democrático, mesmo com as restrições atuais e já conhecidas, mas com espaço para disputas e debates, ou se haverá o cenário político favorável à implantação de uma ditadura fascista mediante o autogolpe.

Sabe-se que o portal Vereda Popular foi cuidadoso ao conceituar o campo extremo-direitista. Sempre o caracterizou como protofascista, usando a imagem que remete a um ovo de serpente. Fez a distinção entre a realidade atual, em que há um governo reacionário nas condições do regime democrático, e o projeto bolsonarista, que tenta substituir as instituições constitucionais pelo retrocesso ao regime de 1964, mas personificado na figura do chefe. Tal formulação permite uma tática correta, nucleada pela defesa do regime democrático real. Também neutraliza o confuso discurso de lutar “pela democracia”, como se a substância concreta já estivesse destruída ou fosse ainda inexistente.

Importa mais é que o comando falangista, caso legitimado nas urnas, já não se contentará em controlar o “Executivo” e ficar mais quatro anos paralisado em disputas intraestatais com resultados incertos, até porque suas hostes foram, desde o início, mobilizadas e preparadas, para destruir o establishment que impõe regras e obrigações. A experiência nacional e mundial mostra que organizações dessa espécie – concebidas e nutridas para o putsch – vivem uma expectativa psicossocial constante. A protelação e a indefinição criariam frustração, engolfando-as pelo ambiente oposto à sua razão de ser, desmobilizando-as e fazendo-as encontrar culpados para entender a própria inatividade.

Portanto, a vitória da frente ampla, representada pela chapa Lula-Alckmin, é fundamental para salvar os direitos inscritos na Constituição, inclusive o regime que assegura o pleno exercício das liberdades políticas, sindicais e civis. Primeiro, para evitar que o proletariado e as demais classes populares sofram uma derrota estratégica e tenham que travar uma longa batalha nas condições mais adversas, para reaver as suas conquistas democráticas. Segundo – e positivamente – para que as oposições agora unidas, realizando seu favoritismo verificado nas evidências práticas e pesquisas, cheguem ao governo federal para garantir as reivindicações das grandes maiorias sociais.

Para tanto, além de participarem organicamente na campanha, os militantes à esquerda precisam tomar iniciativas individuais. Cada um deve dar o melhor de si, fazendo suas listas com parentes, amigos, vizinhos e colegas – conhecidos em geral –, e os procurando. Preparar e disparar mensagens pessoalizadas, pedindo voto para Lula-Alckmin-13. Convocar, insistentemente, os cidadãos para votar, diminuindo as possíveis abstenções. Divulgar e distribuir os materiais de propaganda, por mão em mão e nas redes sociais. Dirigir-se à urna com as camisas e adesivos sobre candidaturas democráticas. Por fim, resistir às provocações com serenidade, firmeza, convicção e coragem.

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