Como todo recorte referido no tempo da práxis, o ciclo semanal transmite a sensação de que uma série de processos nele começa e acaba. Ledo engano. Embora os sete sucessivos dias e noites representem recomeços e pausas de capítulos na história humana, de maneira nenhuma são molduras pétreas, que limitam os eventos políticos gerados na luta política de classes. Os últimos juninos, por exemplo, foram exemplos dessa insubmissão das contradições ao calendário. As ocorrências possuem determinações pregressas e se projetam em suas dobras conjunturais, deixando sinais de coisa inconclusa.

A investigação da PF sobre a execução de Bruno Araújo e Dom Philips expõe a precipitada e suspeita conclusão de que inexistiriam mandantes. No entanto, autoridades norte-americanas, estimuladas pelo beija-mão de Bolsonaro à Biden, sentiram-se à vontade para mandar – como se a um moleque de recados – que o Estado brasileiro apurasse o crime. Por sua vez, a OCDE já tinha exigido aos países interessados no ingresso, que reforçassem o controle ambiental e apurassem as violências contra os “ativistas”. Punir os assassinos e implantar garantias internas, sim; mas sem ingerências imperialistas.

Já o ataque à Petrobrás segue um plano específico. Fracassado na sua intensão entreguista, o continuísmo procura eliminar dois coelhos por meio de uma só cajadada: o declínio eleitoral e o fracasso da privatização. Tenta livrar-se da responsabilidade pelos preços estratosféricos dos combustíveis e, cinicamente, responsabilizar o maior inimigo dos neoclássicos. A culpa seria da empresa mista, como algo intrinsecamente maldito, e não da política servil à bula dolarizada. O mandatário nomeia os presidentes com a missão de gerir para os acionistas internacionais, e depois acusa o suposto belzebu estatal.

Essas e outras diatribes se inserem no quadro geral de uma conjuntura radicalizada, em que as forças oposicionistas se deparam com a tarefa de barrar o autogolpismo, vencer as eleições, retirar os chefetes milicianos do Governo Federal e salvar o regime democrático, para travar, em melhores condições, as necessárias disputas em favor do proletariado e as demais classes populares. Tais são a essência e o motivo da resolução aprovada pelo Comitê Central do Partido da Refundação Comunista em maio, sobre a tática em face da situação nacional, que aponta um rumo semelhante ao trilhado pelo Pacto Nacional colombiano, com sua vitória de repercussão continental no pleito à Presidência.

O documento Avançar com a Frente Ampla para barrar o autogolpe e derrotar a extrema-direita relata, em rápida introdução, a cena em que vive a Nação, com as persistentes mazelas econômico-sociais no quadro planetário do capital e na Fase Depressiva da Onda Longa em desenvolvimento. A seguir, expõe as diretrizes para enfrentar os atuais desafios, sob a ótica democrática e progressista. São três seções, cujos nomes antecipam conteúdos: 1) Aprofunda-se a oposição ao governo dos falangistas; 2) Preparar-se para uma disputa ainda mais dura; 3) Alargar a frente oposicionista para garantir a vitória.

O portal Vereda Popular, efetivando a linha editorial de apresentar e armazenar os materiais relevantes no espaço eletrônico, inclusive as principais decisões nacionais do PRC, publica o seu texto integral na seção “Formação”, subseção “Resoluções”. Concomitantemente, sublinha que tem importância especial o seu conhecimento completo e a sua discussão coletiva, tendo em vista potencializar e orientar o trabalho cotidiano da militância revolucionária. Trata-se de constituir, urgentemente, a “mobilização social ampla, unitária, plural, consciente e determinada” para enfrentar e vencer a reação protofascista.

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