Por CNTI—
A democracia e a soberania dos povos estão sob cerco. Nos Estados Unidos, na Argentina e no Brasil, a ascensão da extrema direita e suas políticas autoritárias têm colocado em risco conquistas históricas da classe trabalhadora e ameaçado a própria estrutura das sociedades democráticas.
A prisão de Mahmoud Khalil, líder estudantil pró-Palestina nos EUA, a repressão violenta a aposentados na Argentina e as tentativas de golpe no Brasil, em 2022 e 2023, são exemplos claros de uma escalada global antidemocrática e autoritária que busca silenciar vozes dissidentes, desmontar direitos sociais e consolidar um projeto ultraneoliberal. Diante desse cenário, o sindicalismo, com suas assembleias autônomas, populares, democráticas e mobilizadoras precisa emergir como uma barreira indispensável na defesa da democracia, dos direitos (individuais e coletivos) e da justiça social.
A experiência recente do México, liderada pela presidente Cláudia Sheinbaum, mostra como a mobilização popular e a comunicação direta podem fortalecer a resistência contra as ameaças à soberania nacional.
Sem soberania, sem democracia: pilares vitais para um povo verdadeiramente livre.
No México, Sheinbaum reuniu mais de 350 mil pessoas na histórica assembleia da Praça do Zócalo, em 9 de março de 2025, para celebrar a suspensão das tarifas impostas por Donald Trump e reafirmar a soberania do país. Essa mobilização massiva, que ultrapassa os limites da mídia tradicional, politiza a população e consolida um amplo apoio às agendas governamentais e precisa ser adotada exemplarmente no Brasil. A estratégia de Sheinbaum, baseada no diálogo e na firmeza, inspira os mexicanos a defenderem ativamente seus direitos e sua autonomia. O sucesso dessa iniciativa reforça a importância das assembleias como espaços democráticos e autônomos, capazes de unir a população em torno de causas comuns e enfrentar as pressões internas e externas.
Nesse contexto, o sindicalismo assume um papel central como força de resistência e mobilização. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI e outras entidades sindicais têm a responsabilidade histórica de unir e organizar a classe trabalhadora, fortalecer a luta por direitos e combater a ascensão de projetos políticos que ameaçam a democracia.
No dia 15 de março celebramos os 40 anos de retomada da democracia, o seu mais longo período em nossa história. Sabemos que o sindicalismo foi crucial em sua retomada e manutenção, mesmo nos momentos agudos de vulnerabilidade democrática ocorridos em 2016 com o golpe contra a presidente Dilma e os 6 anos que o sucederam.
A defesa da liberdade de expressão, da autonomia das assembleias, dos direitos sociais e da justiça social dependem da capacidade de organização e mobilização dos trabalhadores e, a contar de 2016, são ações, conquistas, alicerces fundamentais à democracia e soberania de qualquer nação, que foram duramente atingidos e permanecem degradados.
É importante reforçar que as eleições de 2026 no Brasil serão um marco decisivo. Por isso, a união entre sindicatos, movimentos sociais populares e partidos progressistas, unidos e organizados para uma mobilização classista e popular, será determinante para garantir um futuro de dignidade e democracia. Para que isso ocorra, é urgente, determinante para a realidade democrática viger no país, transpor e romper com o antissindicalismo.
Notadamente, desde 2017, a prática antissindical está estruturada em lei e se impõe legitimada e mantida pelo Estado brasileiro. Razão pela qual, com ardil e mentiras, essa prática é ampliada e disseminada pela grande mídia e em redes sociais sob comando e mando de corporações empresariais e econômicas.
A hora é de resistir, agir e até mesmo insurgir se necessário. A democracia, embora frágil, mostra sua força quando união, organização e determinação se encontram.
O sindicalismo não pode se calar diante de atos estatais e patronais, das ameaças contra à classe trabalhadora e às instituições democráticas populares e das práticas antissindicais.
É chegada a hora do levante. Mobilizar, lutar e construir um projeto de país que coloque a justiça social, a participação popular e a defesa intransigente dos direitos conquistados no centro de suas prioridades.
O futuro não é uma incógnita distante – ele é presente e está em nossas mãos. E a luta, essa, a sindical, não pode parar.
É sempre importante, em períodos como esse, desafiadores à ação sindical, recordar nosso histórico líder José Calixto Ramos: “o movimento sindical é uma chama que nunca se apaga!”
Avante camaradas!
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria CNTI