José Reginaldo Inácio*—
As recentes denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) trouxeram à tona uma realidade perturbadora: a democracia brasileira esteve à beira de um colapso. As investigações revelam que faltou muito pouco para que o país mergulhasse novamente em um regime autoritário, com a supressão de direitos sociais, políticos e a perseguição sistemática de adversários ideológicos. Esse cenário não é apenas uma ameaça abstrata; é um risco concreto que paira sobre a classe trabalhadora e toda a sociedade brasileira.
A ascensão da extrema direita no Brasil, alinhada a um modelo econômico neoliberal, representa um perigo iminente para os direitos conquistados a duras penas por trabalhadores e trabalhadoras. Esse projeto político busca reduzir o Estado, cortar investimentos em políticas sociais e desmontar serviços essenciais, como saúde, educação e previdência. Para milhões de brasileiros que dependem dessas políticas, o resultado seria a perda de cidadania e o aprofundamento das desigualdades.
O impacto para a classe trabalhadora
Nos últimos anos, a classe trabalhadora já sentiu os efeitos devastadores de políticas que privilegiam o lucro em detrimento dos direitos básicos. A Reforma Trabalhista de 2017 e a Reforma da Previdência foram golpes duros, que precarizaram as relações de trabalho e reduziram a proteção social. Agora, com as Big Techs no controle dos algoritmos que têm o poder de esvaziar ou ampliar o impacto das informações ou dados que circulam na internet, com a ampliação do alinhamento internacional da extrema direita. Corremos o risco de ver esses retrocessos se consolidarem e se ampliarem caso a extrema direita novamente assuma o poder Executivo e/ou amplie sua participação no Legislativo brasileiro.
A denúncia da PGR não apenas expõe a mais recente e organizada tentativa de golpe, mas também evidencia a fragilidade do nosso sistema democrático e das nossas instituições, que por muito pouco não foram solapadas. Embora tenhamos conseguido evitar o pior, graças à resistência de instituições republicanas e da sociedade civil, a ameaça continua presente. A democracia brasileira, ainda que imperfeita, assegura a participação popular no processo eleitoral e a possibilidade de lutar por mudanças, em que pese o desequilíbrio econômico e a correlação de força desproporcional das campanhas eleitorais. Mas, se permitirmos o avanço de forças autoritárias, no Brasil representadas pela extrema direita, até mesmo essa possibilidade estará em risco.
O momento atual e os desafios futuros
O que essa denúncia representa para a classe trabalhadora? Em primeiro lugar, é um alerta. Precisamos estar atentos às pautas que estão sendo discutidas no Congresso Nacional e à correlação de forças que se desenha no cenário político. A extrema direita tem buscado se fortalecer, e suas propostas representam um retrocesso para as condições sociais e laborais dos trabalhadores e das trabalhadoras.
No entanto, esse também é um momento de reflexão e ação. A denúncia da PGR pode ser um ponto de partida para reforçarmos a defesa da democracia e dos direitos sociais. Precisamos construir um diálogo amplo e fortalecer as organizações que representam os interesses da classe trabalhadora. A união entre movimentos sociais, sindicatos e partidos progressistas é essencial para enfrentar os desafios que estão por vir.
2026: uma encruzilhada histórica
As eleições de 2026 serão um marco decisivo para o futuro do Brasil. Não se trata apenas de uma disputa entre direita e esquerda, mas de uma escolha entre a civilização e a barbárie. A extrema direita, inspirada em modelos internacionais como o de Donald Trump nos EUA, busca impor uma agenda de retrocessos que ameaça a própria existência de um Estado democrático e social.
Cabe a nós, trabalhadores e trabalhadoras, decidir se queremos um país aonde os direitos sociais sejam respeitados, aonde a democracia seja plena e aonde todos tenham a oportunidade de interferir nos rumos políticos e econômicos. Se for essa a decisão, há muito por fazer. A denúncia da PGR nos lembra que a luta pela democracia e pela justiça social não pode parar.
Conclusão
A classe trabalhadora não pode se dar ao luxo de ser espectadora nesse momento crucial da história do Brasil. Precisamos nos mobilizar, organizar e lutar por um projeto de país que priorize a dignidade, os direitos e a participação popular. A democracia é frágil, mas também é resistente quando há união e determinação organizada.
Que as denúncias da PGR sirvam como um chamado à ação. O futuro do Brasil depende de nós! Não podemos permitir que a extrema direita e seus projetos neoliberais destruam o que tanto lutamos para construir. A hora é agora, e a responsabilidade é de todos nós.
*Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI)