Observados os procedimentos, com prazos legais, para indicação e homologação das candidaturas pelas federações, coligações ou partidos, o processo eleitoral propriamente dito se inicia com a campanha legal. Até o último instante, o PRC propôs, argumentou e pugnou por uma política de frente ampla, capaz de promover a unidade das forças democráticas e progressistas nas eleições de 2024.
Conforme resolução partidária, o propósito nuclear foi e continua sendo “isolar mais ainda o bolsonarismo, consolidar o arco de apoio ao Governo Federal no combate à oposição reacionária, ratificar em cada município a vitória nacional obtida em 2022, mobilizar o povo em torno dos assuntos que o atingem diretamente, debater os interesses das maiorias nacionais e fortalecer o campo democrático.”
Apesar das manifestações públicas de alguns setores, concordando com tais objetivos, a tática e as providências adequadas à conjuntura foram, insistentemente, relegadas ao segundo plano por interesses particularistas. Tanto em âmbito nacional como no Estado prevaleceram, majoritariamente, políticas de cunho sectário, autocentrado e autossuficiente, provocando prejuízos substanciais.
Felizmente, considerando-se as 20 localidades mais populosas de Minas Gerais, em Contagem, Ipatinga e Juiz de Fora se construíram alianças de sentido amplo, embora muitos de seus protagonistas, por motivos diversos, se recusassem a conceituá-las como de fato são. Nas demais, por alegações distintas, formaram-se chapas estreitas pelas federações Fé Brasil (PT-PCdoB-PV) e P-Sol-Rede, ou partidos isolados.
O exemplo emblemático é Belo Horizonte. A atual administração tem boa avaliação em pesquisas de opinião e pertence ao campo democrático-progressista. Mesmo assim, o titular corre o risco de ficar fora do segundo turno. Mais grave ainda: a extrema direita te possibilidade de assumir a Prefeitura. A despeito desse grave problema, cristalizou-se, objetivamente, a fragmentação das forças antifascistas.
Para além da retórica confusa, a ausência de um esforço assertivo para agregar e polarizar os democratas fortaleceu as forças centrífugas que esfarinharam a base local de sustentação ao governo Lula-Alckmin. Sem a militância pela unidade, sem os debates unitários sobre os melhores métodos, condutas e composições, a organização das candidaturas ficou a mercê de asfixiantes disputas internas ou entre federações e partidos. As
2 pré-candidaturas se limitaram a correr atrás de adesões.
Os recorrentes erros obstruíram uma alternativa democrática potente. Nem mesmo se realizou a chamada “frente de esquerda” que, embora equivocada, fora alardeada por setores sectários como opção eleitoral. Assim, interditou-se, inclusive, a própria unidade plena no interior de federações, coligações e partidos. Como se não bastasse, abriu-se a brecha para candidaturas vacilantes, conservadoras, oportunistas e ecléticas do campo
democrático, bloqueando o protagonismo popular.
Ao fim, inscreveram-se Bruno Engler (PL e PP), Carlos Viana (Podemos, Mobiliza DC e PRTB), Duda Salabert (PDT), Fuad Noman (PSD, Federação PSDB-Cidadania, Agir, Avante, PRD, Solidariedade e União Brasil), Gabriel Azevedo (PMDB e PSB), Mauro Tramonte (Republicano e Novo) e Rogério Correia (federações Fé Brasil, PT-PCdoB-PV, e Psol-Rede, mais o PCB), além de nomes postos por PCO, PST-U e UP.
Nessas condições, o centro tático na intervenção das forças democráticas é combater o núcleo duro do fascismo na capital mineira. Portanto, o alvo principal é a candidatura de Bruno Engler, extensivo à sua chapa de proporcionais. Consequentemente, as relações entre os demais postulantes devem ser mutuamente respeitosas e sem críticas sectárias, para garantir o fortalecimento do campo democrático-progressista como conjunto no processo eleitoral e as incontornáveis alianças futuras.
No eventual segundo turno, as forças democráticas necessitam trabalhar, por cima das eventuais diferenças ideológicas e doutrinárias, pela candidatura que reste na contraposição ao núcleo duro da reação bolsonariana na Cidade. Será, pois, um apoio sem condições. O objetivo de semelhante atitude – repita-se até quando for necessário – será derrotar e dissipar a ameaça concreta, mais ainda, iminente, de acampar-se um extremodireitista no Governo Municipal, com todas as danosas consequências.
Neste quadro, em face da interlocução política tradicional com partidos situados à esquerda, da experiência comum com militantes em diversas frentes nos movimentos de massas, das relações institucionais mantidas por candidaturas proporcionais próximas – mormente a preferida pelos comunistas – e dos diálogos a se manterem no campo democrático-popular, o PRC-MG indica, unilateralmente, o voto no candidato apresentado pela Federação Fé Brasil, que encabeça a Coligação BH da Esperança.
Belo Horizonte, 16 de agosto de 2024,
Comitê Estadual / MG do PRC – Partido da Refundação Comunista