Por Hora do Povo—
Manifestantes se concentraram na escadaria que dá acesso Tribunal Superior de Londres, na terça-feira (20), para exigir que Julian Assange não seja extraditado para os Estados Unidos.
Na Corte chega ao fim, nesta quarta-feira (21), a audiência em que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, tenta um último recurso para evitar a sua extradição para os Estados Unidos, onde é injustamente acusado de espionagem pelo seu trabalho jornalista que revelou ao mundo hediondos crimes de guerra por meio dos seu portal Wikileaks.
A previsão é que, uma vez extraditado, enfrentaria um tribunal altamente parcial e seria sujeito a uma pena de 175 anos. Iria à morte, em um cárcere provavelmente em uma solitária e sem condições mínimas de preservação de sua saúde física e mental.
Repudiando a extradição e exigindo que o recurso livrando-o da prisão e do envio aos esbirros norte-americanos seja acatado, diversas manifestações ocorreram em capitais europeias como Londres, Madrid, Roma, Amsterdam, Berlin e Paris.
Assange ficou famoso por expor os crimes de guerra cometidos por Washington principalmente durante as invasões ao Iraque e ao Afeganistão e na prisão de Gantánamo.
Stella Assange, esposa do fundador do WikiLeaks, liderou a manifestação para fazer ouvir a sua voz na audiência no tribunal de Londres. “O que está em jogo é a capacidade de publicar a verdade e expor crimes quando são cometidos por Estados, o país que está tentando extraditá-lo, conspirou para assassiná-lo”, denunciou.
46 DEPUTADOS EUROPEUS EXIGEM LIBERADADE PARA ASSANGE
46 eurodeputados assinaram um documento fazendo um pedido especial ao Ministro do Interior do Reino Unido, James Cleverly, para proteger Julian Assange da iminente extradição para os Estados Unidos. “A nossa mensagem: a Europa está acompanhando de perto o Reino Unido e o seu respeito pelos direitos humanos e pela Convenção dos Direitos Humanos. A relação da Grã-Bretanha com a UE está em jogo”, afirmou Patrick Breyer, membro do Parlamento Europeu.
Na Espanha, centenas de cidadãos protestaram em frente à Embaixada dos Estados Unidos em Madrid, onde os participantes exigiram a liberdade de Assange.
Em Barcelona ocorreu outra mobilização na porta do consulado britânico onde foram lidos documentos em espanhol, inglês e também em catalão pedindo a liberdade imediata de Assange e destacando a questão de saúde que aflige o jornalista australiano.
Na Itália, a Câmara Municipal de Roma concedeu a cidadania honorária para Julian Assange em protesto contra o que os parlamentares consideram a prisão injusta de um símbolo do jornalismo e da liberdade de imprensa.
“O princípio democrático da liberdade de imprensa e de expressão seria totalmente prejudicado se finalmente ocorre a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos”, expressaram as organizações organizadoras e especialistas que apoiaram a homenagem dos vereadores italianos.
Em Paris, centenas de ativistas junto com deputados franceses reuniram-se na terça-feira (20), na Praça da Independência. Com faixas e a imagem do jornalista e ativista australiano preso no Reino Unido, os participantes da mobilização responderam ao apelo da Liga dos Direitos Humanos e do Sindicato Nacional dos Jornalistas, o que gerou mobilizações também em outras cidades da França.
PROCESSADO POR PUBLICAR INFORMAÇÕES VERDADEIRAS
O advogado de Julian Assange, Edward Fitzgerald, defendeu nesta terça-feira (20) a liberdade de informação no julgamento em Londres e também mencionou “motivações políticas” na ação de extradição analisada no processo.
“Meu cliente está sendo processado por realizar uma prática jornalística comum, de obter e publicar informações confidenciais, informações verdadeiras e de interesse público evidente e importante”, afirmou Fitzgerald no Tribunal Superior de Justiça de Londres, quando dois juízes britânicos examinam a decisão do Tribunal, tomada em 6 de junho, de negar a Assange a permissão para recorrer de sua extradição para os Estados Unidos, aceita em junho de 2022 pelo governo britânico.
Se Assange não for vitorioso nesta última tentativa perante a justiça britânica, ele terá esgotado todas as vias de recurso no Reino Unido. No entanto, um último recurso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) “ainda é possível”, afirmou o grupo de apoio “Free Assange” em um comunicado divulgado em dezembro.
Já se Assange for bem sucedido no julgamento desta quarta-feira, ele provavelmente terá que enfrentar outra audiência no Reino Unido, em data ainda não determinada, para confirmar que não será extraditado.
Matéria publicada originalmente no site Hora do Povo.