No dia 26/7/2023, o Ministério da Comunicação informou que o IBGE terá em breve um novo Presidente, para substituir o servidor de carreira que ocupava o posto em período interino. Foi o suficiente para que a mídia conservadora – em uníssono e alto volume, nas páginas e páginas, telas e telas, bits e bits – reverberasse o seu coro crítico e atacasse a decisão do Primeiro Mandatário. No referente à extrema-direita, com destaque ao seu núcleo fascista e sectário, manifestou-se uma postura clara e conhecida: dirigir ao Palácio do Planalto, cotidianamente, uma oposição ferrenha, sem princípios e sistemática, pouco importando as justificações, os motivos e os assuntos. Quaisquer oportunidades, reais ou imaginárias, servem para tentar estorvar os atos e as iniciativas governamentais.

No entanto, a conduta externada por setores ultraliberais ainda está obscura. Obviamente, gostariam de ver nomeado algum nome de seu campo ideológico e, por tal motivo, seria mais do que normal suas restrições a pessoas com perfume “heterodoxo” e “desenvolvimentista”. Mas por que tanta intriga e ferocidade? Como se a instituição nacional de geografia e dados estatísticos estivesse prestes a ser ocupada pelo estado-maior de uma conspirata em prol de medidas radicais, antimonopolistas e anti-imperialistas? Ou se o próprio capitalismo estivesse ameaçado pelas “hordas revolucionárias” que fazem pesquisas em casas brasileiras de quatro em quatro anos, com seus perigosos smartphones?

Ademais, personalizando seus devaneios na figura do professor escolhido, em campanha de baixo nível como as que infestam o processo político nacional? A fritura coloca palavras nas bocas de autoridades no escalão ministerial, tentando provocar desconfianças e cizânias. Tais adivinhadores põem uma lupa nas opiniões e ações pregressas do intelectual requisitado, dando-se ao “direito” imoral de apresentar e denunciar suposições, teorias ou atitudes, como se a pretensa opinião pretérita sobre assuntos controversos – corretas ou equivocadas – fosse o critério para “descobrir” na ideia passada o ponto metafísico para determinar o comportamento futuro. Laplaceanos invertidos e delirantes.

Como se não bastasse, repetem os mesmos preconceitos em voga contra os comunistas e demais correntes à esquerda. Por que o Presidente não poderia indicar, para uma função, alguém de seu próprio partido? Por que os conglomerados midiáticos à direita se julgam qualificados para restringirem ou vetarem “alas” de agremiações ou federações cujos nomes, por hipótese, teriam sido aventados para cargos comissionados? Certamente, não possuem a menor ilusão de cooptar, completamente, Lula e seus aliados – que formam o amplo campo sob a hegemonia social-liberal, legitimado nas urnas – para transformá-los, quiçá, em uma equipe ortodoxa, membro da Otan e servil à Casa Branca.

Tal giro significaria trair o povo e os compromissos. Portanto, sem a hipótese altamente improvável de suicídio político, resta uma disputa para interferir nas relações internas do Governo Central para fortalecer os segmentos mais conservadores nas questões-chaves, que giram em torno da economia interna, da geopolítica e da concorrência com postulantes inclinados à esquerda no próximo pleito. Em face das querelas, cabe sublinhar que os problemas de método – inclusive na substituição de auxiliares, principalmente quando estão vinculados a situações mais sensíveis, como são as relações com forças políticas próximas – exigem cuidados. Entretanto, não podem sobrepor-se aos conteúdos.

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