Por Fábio Rodrigues—

O Dia dos Trabalhadores, celebrado internacionalmente em 1o de maio, reuniu este ano milhares de pessoas em todas as capitais do Brasil, além de dezenas de outras cidades. Embora o clima tenha sido festivo sobretudo pela vitória eleitoral contra Bolsonaro e a eleição de Lula para a Presidência da República nas eleições de outubro do ano passado, abrindo-se uma nova fase da luta de classes no país não faltaram reivindicações para que o novo governo atue na melhoria das condições de vida da maioria da população.

Os destaques foram os atos unificados, convocados pelas centrais sindicais, organizações políticas e pelos movimentos populares, que tiveram como norte o tema “Emprego, Direitos, Renda e Democracia”, definido na última Conferência da Classe Trabalhadora (CONCLAT), em abril de 2022, elencando 15 pautas prioritárias: I – Valorização do salário mínimo; II – Fim dos juros extorsivos; III – Fortalecimento das negociações coletivas; IV – Mais empregos e renda; V – Direitos para todos; VI – Ratificação da Convenção 156 OIT (combate à discriminação às trabalhadoras devido responsabilidades familiares); VII – Trabalho igual, salário igual (principalmente a disparidade entre trabalhadores e trabalhadoras em igual função); VIII – Aposentadoria digna; IX – Valorização dos servidores públicos; X – Regulamentação do trabalho por aplicativos; XI – Defesa das empresas públicas; XII – Revogação dos marcos regressivos da legislação trabalhista; XIII – Fortalecimento da democracia; XIV – Revogação do “novo” ensino médio; XV – Desenvolvimento sustentável com geração de empregos de qualidade. [1]

Em Porto Alegre-RS, o ato unificado, com apresentações artístico-culturais, foi realizado na tarde do dia 1o, na praça da Usina do Gasômetro. Houve ainda esquete teatral dos “Artistas na rua pela Democracia”, lembrando os desaparecidos políticos durante a ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1985. Uma das faixas abertas dizia: “Pelo direito à memória, à verdade e à justiça. Pela abertura irrestrita dos arquivos da ditadura”. [2]

Também na tarde do dia 1o, em Salvador-BA, a manifestação ocorreu no Farol da Barra, contanto com apresentações artístico-culturais e a presença de partidos, sindicatos e representações dos movimentos populares. O planejamento é que, ao longo do chamado “Maio de lutas”, outras cidades do interior da Bahia, como Feira de Santana, Camaçari e Juazeiro, recebam eventos alusivos ao primeiro de maio. [3]

Já em Belém-PA, o evento foi antecipado para o dia 30/04, realizando-se desde as 9h do domingo, com Ato Cultural na Praça da República e ações pró-cidadania, como a emissão de documentos.

Em Brasília-DF, foram duas as atividades principais. Enquanto as demais centrais sindicais, como a CTB, a Força Sindical, a CSP Conlutas e a CSB realizaram ato unificado no Eixão Norte, região central da cidade, a Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF) e o Partido dos Trabalhadores (PT-DF) realizaram, às 10h, ato político-cultural na praça da Feira Central de Ceilândia, região administrativa mais populosa do Distrito Federal, escolha que levou em conta o objetivo de maior aproximação com a base e o papel histórico que a região desempenhou na construção de Brasília, consolidando-se como um dos mais importantes polos de resistência para os movimentos sociais, a cultura e as artes na capital federal. [4]

Em Belo Horizonte-MG, trabalhadoras, trabalhadores, centrais sindicais, movimentos populares e organizações estudantis construíram um grande ato no dia 1o, realizando marcha desde o pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais até a Praça Sete. A parte musical ficou por conta do Bloco Sou Vermelho, e entre as principais pautas estiveram “a reconstrução do Brasil com Lula”; “derrotar Romeu Zema” e “devolver Minas Gerais ao povo”. O ato fez parte da programação do VII Encontro de Comitês e Movimentos Populares e Sindicais, realizado no final de semana no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Outras cidades da região metropolitana de Belo Horizonte, como Contagem e Betim, também contaram com importantes manifestações. [5]

No Rio de Janeiro, o ato unificado no dia 1o de maio teve início às 9h, reunindo movimentos populares e entidades sindicais e estudantis no Parque de Madureira, zona norte da cidade. O evento contou com ações pró-cidadania, com cadastro de trabalhadores pela Secretaria Municipal de Trabalho e Renda da Prefeitura do Rio de Janeiro em seu banco de emprego, e ofertas de vagas em cursos de qualificação. O INSS também deu suporte, fornecendo orientações aos trabalhadores sobre direitos previdenciários. Na parte da tarde, ocorreram intervenções das centrais sindicais e, ao final do dia, a apresentação de atrações artísticas.

Por fim, São Paulo, a maior cidade do país, recebeu o ato nacional do 1o de maio no Vale do Anhangabaú, local de grande importância histórica na região central, tendo sido palco de momentos marcantes, como a manifestação de 16 de abril de 1984, que reuniu um milhão e meio de pessoas exigindo o fim do regime militar no Brasil e eleições diretas para presidente da República. A programação, que teve início às 10h, contou com atrações musicais e abriu espaço para intervenções de representantes dos movimentos populares e da sociedade civil; lideranças políticas, parlamentares e ministros. O momento mais esperado foi o discurso do presidente Lula, no início da tarde, que enfatizou o novo salário-mínimo de R$ 1.320,00; abordou pautas como o desemprego e a equiparação salarial entre homens e mulheres; criticou a taxa de juros estabelecida pelo Banco Central; mostrou disposição em encontrar formas de regulamentar o trabalho por aplicativos; e prometeu retomar as obras de construção da Universidade Federal do ABC, além de criar a Universidade Federal de Osasco e a Universidade Federal da Zona Leste.

Fontes:

[1] “Em Salvador, 1º de maio será no Farol da Barra; interior do estado também fará atos”. Publicado em 24/04/202. Disponível em: <https://www.cut.org.br/noticias/em-salvador-1-de-maio-sera-no-farol-da-barra-interior-do-estado-tambem-fara-atos-9cec>. Acesso em: 03/05/2023.

[2] “Ato de 1º de Maio em Porto Alegre reforça trabalho decente e redução dos juros”. Publicado em: 02/05/2023. Disponível em: <https://www.cut.org.br/noticias/ato-de-1-de-maio-em-porto-alegre-reforca-trabalho-decente-e-reducao-dos-juros-1c4f>. Acesso em: 03/05/2023.

[3] “No 1º de Maio vamos celebrar nossa maior vitória dos últimos anos, diz Sérgio Nobre”. Publicado em: 27/04/2023. Disponível em: <https://www.cut.org.br/noticias/no-1-de-maio-vamos-celebrar-nossa-maior-vitoria-dos-ultimos-anos-diz-sergio-nobr-7449>. Acesso em: 03/05/2023.

[4] “Centrais sindicais fazem atos por melhores condições de trabalho”. Publicado em: 01/05/2023. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-05/centrais-sindicais-fazem-atos-por-melhores-condicoes-de-trabalho-0>. Acesso em: 03/05/2023.

[5] “Trabalhadoras e trabalhadores vão às ruas de BH em defesa de direitos e contra Zema”. Publicado em: 01/05/2023. Disponível em: <https://mg.cut.org.br/noticias/trabalhadores-e-trabalhadoras-vao-as-ruas-de-bh-em-defesa-de-direitos-e-contra-z-c482>. Acesso em: 03/05/2023.


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