O evento que lançou em São Paulo, dia sete, sexta-feira, o Movimento Vamos Juntos Brasil, já com a participação de sete partidos legais, formalizou publicamente a frente ampla em formação, dando mais um passo rumo à união indispensável para deter o autogolpe falangista e a fascistização do regime político, ansiados pela fração mais reacionária do capital monopolista-financeiro e pelos seus representantes no Planalto. Assertivamente, a campanha também objetiva garantir a posse do candidato eleito em outubro e a efetivação de políticas emergenciais baseadas nos interesses populares. Por via de consequência, o ato foi de relevância especial para os democratas e progressistas, que hoje conformam o polo político majoritário na sociedade civil e na sociedade política do Brasil.

Tais conteúdos se traduziram nos discursos de Lula e Alkmin, preparados por antecedência, confirmando a seriedade com que foram tratados. A peça do ex-presidente teve um traçado contrastante com sua oratória intuitiva, baseada no senso comum, que por vezes trazem passagens inadequadas. Suas palavras, desta feita, fluíram sem quaisquer sobressaltos, conforme o figurino. Fazendo jus à oportunidade histórica do ato, referiram-se ao leque oposicionista inicial e o citaram nominalmente: “Este é o sentido da união de forças progressistas e democráticas formada pelo PT, PC do B, PV, PSB, PSOL, Rede e Solidariedade.” Ademais, expuseram os anseios básicos dos coligados, ainda que acompanhados pelos conceitos socialdemocratas costumeiros no seu entorno intelectual.

Semelhantes “zelos” doutrinários eram desnecessários à ocasião, que pedia palavras mais concretas e apropriadas, sobretudo, à unidade político-tática de um campo tão arejado e diversificado. Mais afeto ao democratismo burguês clássico, a intervenção do postulante a vice, mesmo deficitária e menos explícita nas questões sociais, conseguiu ser mais certeira no referente ao tema central, pondo a premissa de que o regime democrático existe. Assim, evidenciou, de maneira simples, direta e sem margem para dúvidas, o lema de sua defesa como base da unidade, como segue. “Quando as instituições nacionais sofrem ameaças contra o desempenho de suas funções soberanamente asseguradas pela Constituição, não nos cabe duvidar: […] devemos todos estar do mesmo lado”.

Embora com pouca densidade orgânica e atendo-se às disputas eleitorais, a vida vai tangendo à mesa comum as pessoas e correntes mais variadas. O processo está muito aquém das experiências desenvolvidas em alguns países vizinhos e irmãos. Em Uruguai, há décadas o Frente Amplio reúne agremiações à esquerda. No Chile, um vasto encontro barrou a marcha da extrema-direita. Na Colômbia, 17 movimentos e agremiações, inclusive o Partido Comunista Colombiano, formam o Pacto Histórico para disputar o pleito no dia 29 de maio. E assim por diante. Aqui, a Federação Brasil da Esperança e o encontro nacional em torno da pré-candidatura Lula-Alkmin constituem fóruns reais, tais como se configuraram concretamente. Os marxistas precisam considerá-los com atenção.

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